Programa Inova Educação

Governo de SP lança programa que vai inovar a educação básica

A partir de 2020, a experiência das escolas de tempo integral será ampliada a todos os estudantes dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio

 

Um modelo pedagógico pioneiro que vai conectar as escolas à realidade dos estudantes do século 21. Esta é a proposta do programa “Inova Educação”, que será implantada a partir de 2020 a todos os 2 milhões de estudantes matriculados nos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio na rede estadual de São Paulo. Estes estudantes ganharão uma aula a mais e um aumento na carga horária de 15 minutos por dia.

O Inova Educação é inspirado nos resultados positivos das práticas de sucesso já aplicadas no Programa Ensino Integral e Escolas em Tempo Integral, presentes em 633 escolas da rede estadual de São Paulo. Também está em consonância com a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

O programa, anunciado nesta segunda-feira (6), também responde a uma demanda da comunidade escolar identificada no trabalho de escuta com diretores, professores e estudantes feito desde o início do ano e intensificado no mês passado. “Essas mudanças são fruto de um processo de escuta que envolveu profissionais da educação e estudantes, assim como a análise das boas práticas já em curso dentro da nossa rede e de anos de estudos que apontam para a importância do fortalecimento do protagonismo juvenil e do desenvolvimento de competências socioemocionais e do uso da tecnologia para melhora da aprendizagem”, destacou o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares da Silva.

No novo projeto pedagógico, de segunda a sexta-feira, os estudantes ganharão dois tempos de uma atividade chamada Projeto de Vida, mais dois tempos do componente Eletiva e um de Tecnologia. Por meio delas, os estudantes poderão discutir com professores os sonhos, projetos e perspectivas para o futuro.

Ao manter o estudante por mais tempo na escola, o Governo do Estado de São Paulo quer propiciar experiências educativas que tenham mais sentido e relevância aos jovens do século 21. Dessa forma, pretende melhorar o engajamento e o clima escolar, elevar os índices de aprendizagem, reduzir o abandono e a evasão escolar, além de fortalecer o vínculo entre alunos e professores.

Os estudantes terão sete aulas diárias, agora de 45 minutos, ao invés de seis como era anteriormente. Todas as disciplinas regulares ficam mantidas e não haverá exclusão de nenhuma delas.

Para isso, o modelo vai exigir um aumento da carga horária de 15 minutos por dia. Quando estiver em vigor, os estudantes do período matutino passam a sair da escola às 12h35 – não mais às 12h20. No período vespertino, a saída passará a ser às 18h35 – atualmente é às 18h20.

As novas disciplinas não serão avaliadas por meio de provas, nem poderão provocar reprovação. Os professores farão o acompanhamento da turma, avaliando a evolução, ao longo do semestre.

Os professores interessados em lecionar as disciplinas da nova proposta pedagógica das escolas estaduais de São Paulo poderão se inscrever em um processo seletivo que será conduzido pelos diretores de cada escola. A seleção será baseada em habilidades e competências. Os docentes da própria escola poderão aplicar para até 40% da atual carga horária com os novos componentes curriculares.

 

Sobre as disciplinas

Eletivas: opções vão sair de ‘feirão’

A partir do ano que vem, o estudante irá cursar duas Disciplinas Eletivas. As opções serão oferecidas a partir do levantamento das necessidades e dos anseios dos estudantes e das possibilidades de oferta dos professores. Cada escola organizará um “Feirão de Eletivas” no início do ano, para que todos discutam conjuntamente quais serão as opções ofertadas, com base nos interesses e projetos de vida dos estudantes e nas formações e vocações dos professores.

Para apoiar o processo, será disponibilizado pela Secretaria Estadual da Educação uma espécie de “cardápio” com algumas opções de temas a partir do levantamento de experiências de sucesso da rede. Alguns exemplos são: empreendedorismo; sustentabilidade e meio ambiente; música, dança e artes; e programação.

O estudante participará da definição do conjunto das eletivas e poderá escolher entre as opções disponíveis no mesmo horário.

 

Projeto de Vida: discussões sobre sonhos e propósitos

Durante as duas aulas semanais sobre o Projeto de Vida, os estudantes farão discussões sobre identidade, sonhos, projetos, mundo do trabalho, vida acadêmica etc. Essas conversas serão conduzidas a partir das respostas para perguntas como: quem sou eu, quem eu quero ser quando crescer, com o que eu vou trabalhar, e o que eu preciso fazer para chegar lá.

 

Tecnologia: preparação para as mudanças

A disciplina de Tecnologia pretende desenvolver entre os alunos três vertentes: o pensamento computacional, a cultura digital e o uso de diferentes mídias e tecnologias. Ela não está atrelada somente a uma infraestrutura, e sim, a um modelo de pensamento. O objetivo é usar a tecnologia como um meio de comunicação.

Ao inserir esta disciplina, a Secretaria da Educação espera preparar seus estudantes para lidar também com as mudanças que virão. Como a inteligência artificial pode afetar o mercado de trabalho? Quais são os riscos existentes no aumento constante do uso de tecnologia e da conectividade? Esses são exemplos de questões que podem ser discutidas em sala de aula.

 

Parceria com o Instituto Ayrton Senna

Nesta segunda-feira (6) também foi anunciado o programa “Minha Escola”, que vai implementar, em parceria com o Instituto Ayrton Senna, o modelo de tempo integral em 24 escolas que funcionam em período parcial, de quatro Diretorias Regionais de Ensino da rede estadual de São Paulo, na capital.

As unidades têm perfis diferentes, com altos e baixos Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), localizadas em regiões diversas da Capital, incluindo áreas periféricas e perfil socioeconômico dos alunos variado.

O novo programa envolve cerca de 650 educadores e 9,3 mil estudantes do 6º ao 9º do Ensino Fundamental. O modelo pedagógico prevê desenvolver competências cognitivas e socioemocionais dos alunos. Para isso, utiliza metodologias ativas como a sala de aula invertida, a presença pedagógica, a problematização, entre outros.

Ao longo do ano, as 24 escolas serão coautoras do modelo de expansão. A proposta é que registrem os seus arranjos de trabalho, os quais também serão acompanhados in loco pela equipe do Instituto Ayrton Senna, para que, no próximo ano, o modelo seja expandido para a rede.